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Povo da Consolação

por aquimetem, Falar disto e daquilo, em 27.09.11

          Foi preciso um cliente das “pedras que curam” , e que há vários anos costuma desfrutar dos “banhos de sol” dessa praia da região do Oeste, ter insistido comigo no sentido de lhe fazer uma visita, enquanto ali em tratamento, para eu, acedendo ao convite, visitar essa famosa praia que farto de ouvir falar nela e por perto muitas vezes passar só no passado domingo, dia 25, visitei.

          Lugar da freguesia da Atouguia da Baleia, concelho de Peniche e distrito de Leiria, a Consolação tem na importância terapêutica da sua praia o principal ponto de interesse que leva ali uma infinidade de veraneantes em busca da cura ou atenuante para as “tuberculoses, óssea e articular, espondíloses, os “bicos de papagaio”, e, artrites e artroses, nos reumatismos, algumas asmas, úlceras da pele, e muito especialmente nas varicosas”. Isto segundo um opúsculo da Associação Recreativa do Forte Clube local.

          No extremo Sul da enseada de Peniche , virando a fachada principal, em que se abre o portal, para o largo fronteiriço da igreja, ergue-se no topo de um esporão rochoso, o forte da Consolação. Fortaleza de 1645 começada em 1641 por iniciativa do conde de Atouguia  e Senhor de Peniche, D. Jerónimo de Ataíde. Resguardada do vento norte pela base natural da fortaleza, fica a praia das "pedras que curam" e que gente de perto e de muito  longe procura para tomar "banhos de sol na Consolação".

 

          Quem vai, vai; quem está, está. Foi o que para retardar o encontro com o meu anfitrião, Sr. Padre Abel, entendi pôr em pratica, por forma a não roubar tempo a quem ali está em busca de recuperar energias ou remédio para suas maleitas. Ao estômago ficou confiada a missão de alertar para o almoço e por volta das 12h30 aconteceu o que habitualmente na casa dos lavradores os gatos costumam fazer: andem por onde andar à hora das refeições eles aparecem.

  

          Por volta das 13h30, num excelente restaurante vizinho da igreja, já bem almoçados, as gracinhas da Ângela despertam a satisfação geral.

 

           Aqui para eu ficar na foto, ficou a fotógrafa de fora, e a sua  filhota a fazer caretas.

 

           Lg. de Nossa Senhora da Consolação

 

          Após o repasto foi a visita aos aposentos do anfitrião, anexos à respectiva igreja, aproveitando para de seguida fazer uma demorada visita a um templo muito bem cuidado e grande em relação ao tamanho da povoação, facto explicado por tempos atrás ali se receber e celebrarem os sírios da Freiria (Torres Vedras) e do Gradil (Mafra). Localizada no Lg. de NS da Consolação e fronteira ao forte com o memo nome, a igreja da Consolação data de 1740.       

 

           No seu interior, além do altar-mor, artisticamente trabalhado, destaca-se, entre o mais, o belo e rico revestimento das paredes em azulejo de padrão azul e branco, com temas alusivos à vida de Nossa Senhora. 

          Com inauguração do restauro dos azulejos no passado dia 29 de Maio, esta igreja é uma peça de arte que  merece a visita e apreciação de quem por estas bandas de Peniche passar; e com o forte e a importância do salutar microclima do lugar constituem os principais motivos de referência que distinguem a Consolação.  De uma só nave, com dois púlpitos e um coro, aqui a porta de entrada para a sacristia. 

   

          Do lado oposto a entrada para um compartimento destinado para  arrecadações.

 

           As cenas representadas no azulejo contem gravadas diversas jaculatórias em latim alusivas ao significado de cada cena, tais como: pulchra ut luna(=formosa como a lua), electa ut sol(=brilhante como o sol), quasi aurora consurgens(= como a aurora resplandecente), quasi palma exaltata sum in Cades (= como a palmeira de Cades), além de outras que traduzidas constam numa modesta pagela informativa disponível na capela ou igreja da Consolação. Igreja que pelos vistos só abre com missa diária e até dominical durante a época balnear e porque a paroquia da Atouguia da Baleia a troco do serviço de capelania ali prestado oferece estadia ao sacerdote que por ventura ali costume fazer tratamento. É o caso do pároco da Bajouca(Leiria) que anualmente ali costuma ir todos os anos carregar as baterias com iodo que as algas daquele sedutor e raro microclima produzem e os banhos de sol nas pedras que curam são o melhor transmissor.     

           Umas horas bem passadas, com amigos e em amizade vividas; onde para além da companhia, do passeio e do propósito da deslocação também o ficar a conhecer uma parcela mais do espaço habitado de Portugal foi para mim muito dignificante e sobretudo ao dar de caras com esta avenida ladeada de palmeiras, que me fez lembrar os palmares de Quelimane (Moçambique) que em Julho passado visitei também. Pelo que vi e gostei os meus parabéns ao povo da Consolação.

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publicado às 18:03


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